29/01/2022
Por Danilo Evaristo em Seridó

Geoparque Seridó debate preservação e desenvolvimento

Geoparque Seridó – Foto: Cícero Oliveira

“Nosso pilar mais importante é a nossa comunidade, um geoparque é feito de pessoas para pessoas”. A fala é de Janaina Luciana de Medeiros, diretora executiva do Consórcio Público Intermunicipal Geoparque Seridó (CPIGS) e responsável por representar a equipe do patrimônio  no  IV Simpósio de Geoparques e Geoturismo no Chile e no Geoparque Mundial. A discussão, realizada nessa quinta-feira, 27, buscou apresentar o território do parque, disposto em uma área de 2.802 km², e seu papel na valorização e desenvolvimento do Seridó (RN). Atualmente, ele conta com 21 geossítios e atravessa os municípios de Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas.

Entende-se por geoparque toda região geográfica com relevância aos estudos da terra e voltada ao desenvolvimento sustentável, fomento à educação e proteção socioambiental. Janaina Medeiros reconhece que na região do Seridó ocorre uma grande adesão aos projetos do Geoparque Seridó, mas o caminho a ser percorrido em prol de melhorias à comunidade permanece longo. Nesse trajeto, um dos principais desafios é transmitir a relevância e o significado do Geoparque aos cidadãos seridoenses, a fim de que possam se apropriar do sentido e participar dos processos que envolvem a sua preservação. “Um geoparque precisa promover o desenvolvimento econômico local e sustentável, por meio do geoturismo e dos visitantes, bem como as pessoas locais precisam ser capazes de encontrar informações relevantes no Geoparque”, argumenta.

Para promover o desenvolvimento e a manifestação de conhecimentos sobre os patrimônios geológicos, os Geoparques Mundiais da Unesco são incentivados a trabalhar em parceria com as instituições acadêmicas e estimular pesquisas em campos como as Ciências da Terra. Janaina adverte que eles também devem favorecer a integridade do meio ambiente e informar o uso sustentável dos recursos naturais, sejam eles extraídos ou reaproveitados. A participação em feiras, da escala estadual à regional, e em projetos como Os cinco sentidos do Geoparque Seridó  são algumas iniciativas do parque orientadas ao maior reconhecimento da preservação socioambiental.

Sobre a participação no simpósio internacional, Janaina explica que um dos principais resultados foi alcançar o fortalecimento do trabalho em equipe, uma vez que a articulação entre os integrantes da Rede Mundial de Geoparques é requisito indispensável ao avanço das economias locais. Além disso, outra conquista foi o aumento da percepção em torno das atividades realizadas na unidade do Seridó: “É preciso promover a divulgação e a visibilidade das ações do território do Geoparque através da socialização junto aos demais territórios”, defende a diretora.

Além do papel prestado à história dos territórios, os parques geológicos promovem oportunidades de emprego e formam a renda das famílias locais. A representante do geoparque seridoense explica que isso acontece a partir da criação de pequenas empresas ligadas à fabricação de geoprodutos e ao artesanato, e pelo impulsionamento das atividades turísticas. Ela defende ainda que o desenvolvimento turístico traz visibilidade não apenas aos municípios contemplados pelo Geoparque Seridó, como também ao RN e ao Brasil. “Com a obtenção da chancela da Unesco, estaremos promovendo projeção e visibilidade internacional”, comenta.

Em dezembro de 2021, o Conselho Mundial de Geoparques da Unesco avaliou solicitações de parques geológicos que almejam ingressar no seu grupo de  Geoparques Mundiais. A avaliação contou com mais de 50 observadores e representantes de mais de 30 Estados-Membros, resultando no encaminhamento de oito propostas ao Conselho Executivo da Unesco, que vai decidir, em abril deste ano, quais territórios serão reconhecidos por sua organização. Entre eles, representam o Brasil o Geoparque Seridó (RN) e o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul (RS/SC).

As atividades desenvolvidas no Geoparque Seridó, desde 2010, são resultado dos esforços da UFRN em parceria com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e o Ministério de Minas e Energia (MME), que lançaram o projeto O inventário do patrimônio geológico. Hoje, a Universidade administra a ação de extensão Geoparque Seridó, que reúne alunos de cursos como Geologia, Geografia e Turismo. O objetivo é tornar o território da região não apenas a base para pesquisas e investigações científicas, como também um meio de construção de conhecimentos junto à comunidade local.

 IV Simpósio de Geoparques e Geoturismo no Chile

O evento é organizado pelo programa Transferência e Inovação do Turismo para a Kütralkura Geopark, vinculado à Universidad Mayor Sede Temuco e oferecido na modalidade híbrida. O objetivo é estimular a divulgação científica e o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre os projetos e geoparques do Chile, Caribe e de  toda a América Latina. Para isso, as reuniões são focadas na apresentação de trabalhos ligados aos geoparques e às atividades de geoturismo. Os próximos encontros acontecem nos dias 28 e 29, na região de La Araucanía, localizada no Chile.


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